Água subterrânea
Perguntai o que existe sob a terra,
que estranha profecia se ouve, que amplo,
que formoso porvir espera...
Perguntai o que existe sob a terra.
Agora posso dizê-lo, agora vejo-o
e acredito nele, toco-o em carne viva,
ponho ao nível da esperança
meu coração.Em algum sítio,
se atravessais a fronteira, se partimos
deste jardim queimado, sei que há flores
de liberdade.E sonho só.
Apenas o sonho está presente, o resto é água
passada.Não olheis.Dai-a por morta,
dizei que estava envenenada.Não
olheis para trás.Eu vejo-o.Avizinha-se
um bom tempo, uma luz livre, ouve-se
um vento formoso em nossas almas:sopra
nelas, canta nelas, derrama-se
também sobre elas.Ai!Dizei, dizei-me
que ainda tendes fé, que ainda não vos tiraram
a fé, que, como o menino que se perde,
mas foi deixando pedras prodigiosas
pelo caminho, ireis até à casa
da verdade comum, e uma vez lá dentro
dizei que brindaremos todos juntos,
todos puros, todos alegres, como
se as portas da pátria de repente se abrissem.
Carlos Sahagún
que estranha profecia se ouve, que amplo,
que formoso porvir espera...
Perguntai o que existe sob a terra.
Agora posso dizê-lo, agora vejo-o
e acredito nele, toco-o em carne viva,
ponho ao nível da esperança
meu coração.Em algum sítio,
se atravessais a fronteira, se partimos
deste jardim queimado, sei que há flores
de liberdade.E sonho só.
Apenas o sonho está presente, o resto é água
passada.Não olheis.Dai-a por morta,
dizei que estava envenenada.Não
olheis para trás.Eu vejo-o.Avizinha-se
um bom tempo, uma luz livre, ouve-se
um vento formoso em nossas almas:sopra
nelas, canta nelas, derrama-se
também sobre elas.Ai!Dizei, dizei-me
que ainda tendes fé, que ainda não vos tiraram
a fé, que, como o menino que se perde,
mas foi deixando pedras prodigiosas
pelo caminho, ireis até à casa
da verdade comum, e uma vez lá dentro
dizei que brindaremos todos juntos,
todos puros, todos alegres, como
se as portas da pátria de repente se abrissem.
Carlos Sahagún