segunda-feira, abril 30, 2007

Água subterrânea

Perguntai o que existe sob a terra,
que estranha profecia se ouve, que amplo,
que formoso porvir espera...
Perguntai o que existe sob a terra.
Agora posso dizê-lo, agora vejo-o
e acredito nele, toco-o em carne viva,
ponho ao nível da esperança
meu coração.Em algum sítio,
se atravessais a fronteira, se partimos
deste jardim queimado, sei que há flores
de liberdade.E sonho só.
Apenas o sonho está presente, o resto é água
passada.Não olheis.Dai-a por morta,
dizei que estava envenenada.Não
olheis para trás.Eu vejo-o.Avizinha-se
um bom tempo, uma luz livre, ouve-se
um vento formoso em nossas almas:sopra
nelas, canta nelas, derrama-se
também sobre elas.Ai!Dizei, dizei-me
que ainda tendes fé, que ainda não vos tiraram
a fé, que, como o menino que se perde,
mas foi deixando pedras prodigiosas
pelo caminho, ireis até à casa
da verdade comum, e uma vez lá dentro
dizei que brindaremos todos juntos,
todos puros, todos alegres, como
se as portas da pátria de repente se abrissem.

Carlos Sahagún
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