sexta-feira, maio 25, 2007

Un ángel gótico

Inmóvil, claramente
inhumano en la
pura catedral
vive un ángel.
Un ángel no tiene ojos.
Un ángel no tiene sangre.
Él no vive en la vida, él no vive
en la muerte, él está
vivo en la belleza

António Gamoneda

terça-feira, maio 22, 2007

Aviso Prévio


O aviso prévio é das coisas mais detestáveis que existem.
Já em miúda quando me diziam" depois não digas que não te avisei", não me soava a amabilidade, a verdadeiro temor pelo que me pudesse vir a acontecer .
Mais me parecia um relâmpago seguido de trovão , uma inevitabilidade nefasta, algo que irremediavelmente me iria acontecer pela força , não das circunstâncias, mas do pensamento de quem me avisava.
Soava-me a ameaça, mas não na sua forma mais básica que é: "se fazes isso , acontece-te aquilo, o que não é nada bom para ti". Não. Antes, soava-me a ameaça envolta em sarcasmo, em "tomara que faças para que te aconteça", ou "digo-te isto para te desafiar e tu fazeres mesmo".
Não há nada mais canalha do que quando o nosso carrasco ,fingindo temer por nós, se mascara com palavras cheias de espinhos moles que logo se inteiriçam.

I
Novembro 19, 2005

domingo, maio 13, 2007

Dança das horas da vida

As horas magoam muito
Por me serem inconstantes.
Vou no caminho da vida
E trago a alma iludida
Nestes meus olhos distantes.

Vou no caminho da vida,
Olhos postos não sei onde.
Não procuro a felicidade,
Pois não é na minha idade
Que ela se vê ou se esconde.

Nunca voltei para trás,
Apesar de ser tentado
Por alguma confissão...
-Mas creio que é uma ilusão
Todo o meu caminho andado.

Por isso as horas magoam.
O tempo é luta perdida,
E eu canto e sofro e murmuro...
Sem saber o que procuro
Neste caminho da vida.

Vasco de Lima Couto

terça-feira, maio 08, 2007

Huida de la juventud

El estío, cansado, inclina la cabeza
para verse surgir, amarillo, del lago.
Hago mi camino cansado y polvoriento
por las alamedas en penumbra.
El viento titubea y corre entre los álamos.
A mis espaldas, el cielo empieza a enrojecer.
Delante de mí tengo el miedo de la noche.
Y crepúsculo. Y muerte.
Hago mi camino cansado y polvoriento,
y detenida y dudosa queda tras de mí
la juventud, que baja su hermosa cabeza
y se niega a acompañarme


Hermann Hesse

domingo, maio 06, 2007

Lluvia en la noche

A veces voy por un camino,
y el aire huele a lluvia,
y pasa un niño abandonado y llora,
como si recordara los árboles en sombra,
los pasillos en sombra, los juguetes
que se perdieron en un pozo.
Pero yo voy por el camino blanco,
y el camino se alarga, como el miedo a estar vivo.
El cielo Se ha puesto grande, igual que el techo de los palacios.
Nadie se vuelva atrás: estamos
ante la noche, al raso, puros,
lavados por el agua que vino de tan lejos.
y la ciudad se ha hundido como un barco en desgracia.
y ya no queda nada...

He vuelto a creer en Dios,
y en las puertas cerradas, y el humo, y el milagro.
Tengo fe en el camino que se pierde,
con sus piedras y sus matas secas,
y de nuevo sus piedras, y la lluvia,
y todo lo que es ruina y desamparo.

Tengo fe en el camino y en las catedrales de Dios,
y alzo los ojos para hablarle,
y la lluvia, entonces, me da en los ojos, y
Dios no está aquí, pero está aquí. Y avanzo.

Carlos Sahagún

quarta-feira, maio 02, 2007

Syrinx,ficção pastoral-XIII

Anda, vou-te mostrar a terra
dos teus pais, avós, antepassados
tão antigos que os podes escolher.
Este aqui é noé, de barba por fazer;
meteu na arca puro e impuro, bem e mal,
inventou o vinho, homem melhor
da sua geração(não é grande elogio),
teve filhos, netos, é de crer que morreu.
Estoutro, não sei bem, era pirata na malásia.
Vês as colinas?São tuas, quando
as olhas a direito.Realmente tuas,
parte de um mundo teu.
Sim , isto são filosofias,
tens razão.(E tem graça ao ter razão).
Anda daí, vou mostrar-te o colete de forças
onde era costume, sabes, tratar casos assim.

António Franco Alexandre
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