Livre do Desassossego
Mais umas horas em nossa companhia e do mar
no Guincho
junto ao mar há menos poluição
a água espalha oxigénio no ar quando as ondas rebentam
como se as ondas carregassem ampolas de vidro muito fino
com oxigénio lá dentro
estou a escrever disparates eu sei
mas hoje foi dia de disparates
e de sol
começamos por apanhar sol
li fumaste falámos (de quê?)
disseste algo que tinha a ver com a perfeição
atingirmos a perfeição ou qualquer coisa do género
sermos melhores amarmos melhor entregarmo-nos plenamente a alguém
e eu perguntei para quê
de que serve sermos melhores amarmos e entregarmo-nos a alguém
tu sabes deves saber mas eu não e por isso tudo me parece inutil
desde que viemos de la que tudo me parece inutil
e ja antes de irmos tudo me parecia inutil
mesmo assim ainda comprei uns calções brancos e um livro chamado
o maravilhoso numero pi
comecei a ler-to no teu carro mas estava descapotável
e com o vento a velocidade e a musica não ouviste nada
mesmo assim sorriste
tens um sorriso tão lindo deve ser por ser triste
mas apesar de triste é um sorriso que ainda acredita
e contaste-me do chocolate
das mensagens que leste no telemovel dele
e eu recontei-te das que li no telemovel dele
Ajudavas-me a traduzir a Koskivaara quando eles chegaram
lindos lindos um par disseste tu e eu concordei
mas depois olhámos melhor e eles olharam-nos
e nós olhávamos eles olharam-nos melhor
e eles olhavam-nos e fingiam conversar
e nós fingiamos conversar eles também
rimos num quarteto em ri
"é muito interessante" "you too"e viemos embora
só assim nem merecia ser contado
mas pensando melhor foi o choque estético do dia
(achas que nós fomos o deles?)
há perguntas que são maus sinais
nunca antes eu te perguntaria uma coisa dessas
era no tempo em que tinhamos certezas
i
21 de Maio, 2005
no Guincho
junto ao mar há menos poluição
a água espalha oxigénio no ar quando as ondas rebentam
como se as ondas carregassem ampolas de vidro muito fino
com oxigénio lá dentro
estou a escrever disparates eu sei
mas hoje foi dia de disparates
e de sol
começamos por apanhar sol
li fumaste falámos (de quê?)
disseste algo que tinha a ver com a perfeição
atingirmos a perfeição ou qualquer coisa do género
sermos melhores amarmos melhor entregarmo-nos plenamente a alguém
e eu perguntei para quê
de que serve sermos melhores amarmos e entregarmo-nos a alguém
tu sabes deves saber mas eu não e por isso tudo me parece inutil
desde que viemos de la que tudo me parece inutil
e ja antes de irmos tudo me parecia inutil
mesmo assim ainda comprei uns calções brancos e um livro chamado
o maravilhoso numero pi
comecei a ler-to no teu carro mas estava descapotável
e com o vento a velocidade e a musica não ouviste nada
mesmo assim sorriste
tens um sorriso tão lindo deve ser por ser triste
mas apesar de triste é um sorriso que ainda acredita
e contaste-me do chocolate
das mensagens que leste no telemovel dele
e eu recontei-te das que li no telemovel dele
Ajudavas-me a traduzir a Koskivaara quando eles chegaram
lindos lindos um par disseste tu e eu concordei
mas depois olhámos melhor e eles olharam-nos
e nós olhávamos eles olharam-nos melhor
e eles olhavam-nos e fingiam conversar
e nós fingiamos conversar eles também
rimos num quarteto em ri
"é muito interessante" "you too"e viemos embora
só assim nem merecia ser contado
mas pensando melhor foi o choque estético do dia
(achas que nós fomos o deles?)
há perguntas que são maus sinais
nunca antes eu te perguntaria uma coisa dessas
era no tempo em que tinhamos certezas
i
21 de Maio, 2005