domingo, setembro 04, 2005

(Duende)

Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.



António Franco Alexandre

2 Comments:

Blogger Pêndulo said...

São sempre as asas do desejo o que nos precipita para a queda quando julgamos elevar-nos aos céus.
Aproveitem-se bem os instantes breves de voo rumo ao céu azul enganadoramente infinito.

04 setembro, 2005  
Blogger I said...

:-))

04 setembro, 2005  

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