sexta-feira, setembro 02, 2005

A morte da água

Um dos passeios que mais gosto de dar é ir a Esposende ver desaguar o Cávado. Existe lá um bar apropriado para isso.
Um rio é a infância da água. As margens, o leito, tudo a protege.
Na foz é que há a aventura do mar largo.
Acabou-se qualquer possível árvore geneológica, visível no anel do dedo.
Acabou-se mesmo qualquer passado.
É o convívio com a distância, com o incomensurável.É o anonimato.
E a todo o momento há água que se lança nessa aventura.
Adeus margens verdejantes, adeus pontes, adeus peixes conhecidos. Agora é o mar salgado, a aventura sem retorno, nem mesmo na maré cheia.
E é em Esposende que eu gosto de assistir, durante horas, a troco de uma imperial, à morte de um rio que envelheceu a romper pedras e plantas, que lutou, que torneou obstáculos.
Impossível voltar atrás. Agora é a morte. Ou a vida.
Ruy Belo

3 Comments:

Blogger Pêndulo said...

Partilho. Começarei a ir lá agora que passou o tempo das multidões. O passeio pela praia, para Norte, seduz.

02 setembro, 2005  
Blogger Pêndulo said...

Mas, um dia, hei-de ver um rio que não desague, um rio que nos reflicta , humanos.

02 setembro, 2005  
Blogger I said...

Um rio que não desague torna-se um lago, não é?Ora aí estará um belo espelho!

02 setembro, 2005  

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