segunda-feira, janeiro 15, 2007

Eu não sei...

...o que tenho em Serpa
Que de Serpa me estou lembrando
Ao passar o rio Tejo
As ondas me vão levando

Abalei do Alentejo
Olhei para trás chorando
Alentejo da minha alma
Tão longe me vais ficando

Ceifeira que andas à calma
À calma ceifando o trigo
Ceifa as penas da minha’alma
Ceifa-as e levás contigo.

Canção popular alentejana

Lembro-me do sol, das ruas brancas, das casas brancas, dos gatos à soleira, das mulheres à sombra, dos homens nas tabernas, das terras de barro, dos girassóis,das vinhas de Pias, do azeite de Brinches, das queijadas de requeijão da fábrica Paixão, dos meus amigos que lá nasceram e lá vivem e também dos que lá nasceram e se foram embora, do aqueduto e do lagar , do palácio dos Breyner, do dos Condes de Ficalho, das igrejas de estilo gótico alentejano, da janela manuelina, da judiaria, das piscinas com relvados e rosas, das planuras com tantas cores, do céu sempre azul, das trovoadas de Maio, da chuva grossa e quente dos fins de tardes de Maio, verdadeiras happy hours as horas em que chovia e desabava sobre nós o calor em forma de água, 45 graus, ar que nos queimava os pulmões , do oásis público a que se chama jardim, da casa quinhentista de um judeu rico, da pele mate e dos cabelos negros e lisos das pessoas, herança egípcia da colónia que ali se estabeleceu há muitos séculos atrás.
Eu sei o que tenho em Serpa
E porque de Serpa me estou lembrando.

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