sexta-feira, julho 21, 2006

Livre do Desassossego

Mais umas horas em nossa companhia e do mar
no Guincho

Junto ao mar há menos poluição
a água tem oxigénio que se espalha no ar quando as ondas rebentam
como se as ondas carregassem ampolas de vidro muito fino
com oxigénio lá dentro
estou a escrever disparates eu sei
mas hoje foi dia de disparates
e de sol
começamos por apanhar sol
li fumaste falámos (de quê?)
disseste algo que tinha a ver com a perfeição
atingirmos a perfeição ou qualquer coisa do género
sermos melhores amarmos melhor entregarmo-nos plenamente a alguém
e eu perguntei para quê
de que serve sermos melhores amarmos e entregarmo-nos a alguém
tu sabes deves saber mas eu não e por isso tudo me parece inútil
desde que viemos de lá que tudo me parece inútil
e já antes de irmos tudo me parecia inútil
mesmo assim ainda comprei uns calções brancos e um livro chamado
o maravilhoso número pi
comecei a ler-to no teu carro mas estava em modo descapotável
e com o vento a velocidade e a música não ouviste nada
mesmo assim sorriste
tens um sorriso tão lindo deve ser por ser triste
mas apesar de triste é um sorriso que ainda acredita
e contaste-me do chocolate
das mensagens que leste no telemovel dele
e eu recontei-te das que li no telemovel dele


Ajudavas-me a traduzir a Koskivaara quando eles chegaram
lindos lindos lindos um par disseste tu e eu concordei
mas depois olhámos melhor e eles olharam-nos
e nós olhávamos eles olharam-nos melhor
e eles olhavam-nos e fingiam conversar
e nós fingiamos conversar eles também
rimos num quarteto em ri
só assim nem merecia ser contado
mas pensando melhor foi o choque estético do dia
(achas que nós fomos o deles?)
há perguntas que são maus sinais
nunca antes eu te perguntaria uma coisa dessas
era no tempo em que tinhamos certezas


i

1 Comments:

Blogger Amir said...

Pareceu-me tao breve essa liberdade... esse momento em q estavas livre... livre do desassossego...

24 julho, 2006  

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