terça-feira, janeiro 16, 2007

Um estúpido texto sobre as pessoas


As pessoas. As estúpidas. As inteligentes. As más. As boas. As vis. As honestas. As verdadeiras. As mentirosas. As felizes. As infelizes. As ricas. As pobres. As magras. As gordas. As importantes. As indigentes. As criminosas. As honradas. As fiéis. As enganadoras. As bonitas e as feias. Nenhuma sabe porque nasceu. Nenhuma pode provar que Deus existe. Nenhuma pode provar que Deus não existe. Nenhuma pode explicar a vida. Nenhuma pode explicar o mundo. Nenhuma pode explicar nada. Há pessoas que pensam que sabem coisas acerca do mundo, da vida mas podem não saber nada. O mundo pode não existir além das nossas imaginações. Pode tratar-se de uma alucinação colectiva. As pessoas podem não ser o que pensam ser. Podem até não existir da forma que pensam que existem. As pessoas podem ser os soldadinhos de chumbo de um deus qualquer. Podem ser bonsais podados à semelhança das árvores de uma floresta, para divertimento de uns quaisquer seres ou não-seres dos quais não têm percepção. As pessoas pensam. Ou apenas pensam. Têm sentimentos ou apenas têm sentimentos. Ter sentimentos pode não ser tudo. Pode haver mais para lá dos sentimentos. Porque os sentimentos podem ser só reacções químicas do encontro de fluidos, de humores que as pessoas segregam sem disso terem consciência. As pessoas não comandam as suas secreções. As pessoas não dominam os seus apetites. As pessoas não controlam as suas vontades, nem os seus medos.
Domingo à noite vi no canal Biografia, a vida dos Ceausescu. E fiquei na dúvida. Por um lado Helena e Nicolae pareceram-me vilões. Por outro, dementes. Por outro ainda, heróis. Por outro, sérios. Por outro, criminosos. Belos em algumas circunstâncias, feios quando o medo se apossou das suas feições. Terríveis quando mandavam matar. Patéticos perante a morte eminente, importantes quando nas tribunas eram aclamados. By the other hand and by the other hand and by and by and by...todas as pessoas morrem sós.

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