segunda-feira, janeiro 15, 2007

Sonho de uma tarde de Verão


Atravessei o Guadiana ao teu encontro.
Muitos quilómetros depois de estrada deserta, margens secas, calor, sede, entrei na rua Direita.
Não se chama assim mas para mim, todas as ruas do mundo que vão dar à igreja matriz são "ruas direitas".
E "para mim" é algo que para mim, tem muita força, mesmo quando não é para mais ninguém.
Lá estavas tu, a acenar, à minha espera e eu tinha tantas saudades tuas!
Como a vida é vazia se não pudermos estar com aqueles que amamos!
Foi só uma semana e foi tanto Tempo. A tua ausência do local onde todos os dias nos encontramos tornou-o ainda mais sem sentido, vazio, oco.
E lá voltámos "muito loucas", como costumamos dizer, a rir à gargalhada de tudo e de nada, mesmo até daquelas coisas que nos fazem chorar, nos entristecem e deprimem, nos torturam e fazem sofrer.
Rir.
Adoro rir contigo. Ver-te rir. Porque umas vezes atiras a cabeça para trás e pareces uma menina. Outras, olhas-me profundamente enquanto ris como se procurasses em mim a resposta à pergunta silenciosa que sempre fazes, quando ris:"porque me rio, se sofro?".
“Vai, vai-te embora depressa porque eu quero chorar à vontade" disse-te a tua mãe, à despedida.
Tens o melhor do mundo: uma mãe que chora quando partes.
Além disso tens uma árvore carregada de garças boieiras. Irmãs que uivam ao luar, por entre ruínas. Amigas que, por ti, assaltam a caixa de esmolas. Um homem que "malgré tout" te adora e te telefona a perguntar:"há skip?"enquanto voávamos na auto estrada.


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Junho 03,2006
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