segunda-feira, julho 04, 2005

Vitória

Onde estão as armas?Só conheço
as armas da minha razão:
e na minha violência não há qualquer lugar

NEM PARA A SOMBRA DE UMA ACÇÂO
QUE NÂO SEJA INTELECTUAL:Haverá motivo para rir
se agora , nesta manhã cinzenta

que mortos já viram, e outros mortos verão,
mas que para nós é só mais uma manhã, grito palavras de luta

sugeridas pelo sonho? Não sei
o que será de mim ao meio –dia, mas o velho poeta está «ab joy»

e fala, como andorinha ou estorninho
-e como um jovem gostaria de morrer.
Onde estão as armas?Não regressam

o dias antigos, eu sei, o Abril vermelho,
d juventude, passou para sempre.
s um sonho, de alegria, pode iniciar

uma estação de dor armada.
Eu que fui um resistente sem armas
-um místico , um imberbe Cavaleiro andante-

sinto agora na vida o germe
horrendamente perfumado da resistência.
Esta manhã, as folhas estão imóveis

como sobre o Tagliamento ou o Livenza:
não é que venha lá um temporal,
ou que a noite esteja prestes a cair, é a ausência

da vida, que se contempla, e se mantém
longe de si mesma, tentando perceber
que terríveis, que serenas

forças a enchem ainda: perfume de Abril!
Um jovem armado por cada fio de erva,
Voluntário por vontade de morrer!


Pier Paolo Pasolini
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