domingo, abril 23, 2006

Gatos de Roma

Os gatos,
não vagabundos mas sem ter um dono,
ao sol adormecidos
em ruas sem passeios,
ou esperando uma mão generosa
talvez entre ruínas,
os gatos
imortais de um modo tão humilde,
desafiam o tempo, permanecem
suportando bons e maus momentos,
nada sabendo da História
que levanta edifícios
ou os deixa abismar-se entre pedaços
belos ainda, agora nobres pedestais
dessas figuras: livres.
Olhar fixo de uns olhos muito verdes,
em solidão, em ócio e luz distante.
Olhos semicerrados, olhos quase chineses,
loira a pele em calma iluminada.
Erguido junto a um mármore,
resto sobrevivente de coluna,
alguém feliz e pulcro
alia-se com a pata bem lambida.
gatos. Frente à História,
sensíveis, sérios, sozinhos, inocentes.


Jorge Guíllen
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